EIS UMA NOVA NAÇÃO: O ENSINO DE LÍNGUA PÁTRIA, LEITURA E ESCRITA NOS GRUPOS ESCOLARES DE MINAS GERAIS NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Thaís Reis de Assis

Resumo


O nascer da República traz para debate a substituição de tudo o que advinha do Império: propõe novas regras que visassem à harmonia, à coerência eà homogeneidade. No tocante à educação, houve um projeto de escola pública, gratuita que consolidava a política social da burguesia através dos Grupos Escolares. Tratava-se de ir além da “democratização” do acesso à leitura e à escrita para realizar a implantação de uma instituição comprometida com a perspectiva de modernização da sociedade brasileira. Em meio a esse universo, o seguinte trabalho vislumbra entender os sentidos do ensino de três disciplinas, a saber, Língua Pátria, Leitura e Escrita, ministradas nos Grupos Escolares do estado de Minas Gerais durante a Primeira República.A análise parte do Decreto nº 6758 de 1º de janeiro de 1925 que aprova e descreve os programas de ensino a serem adotados pelas escolas primárias públicas naquele ano bem como de um artigoda edição número seis da Revista do Ensino – impresso pedagógico oficia datado de 16 de agosto de 1925 que aborda a descrição de uma aula de Língua Pátria. A partir dessa materialidade, buscou-secompreender oentrelaçar da história das ideias linguísticas (Auroux) com a história da escolarização por meio da análise de discursividades bem como dos instrumentos linguísticos que possibilitam uma disciplina ser ensinável em determinadas condições de produção. As disciplinas em voga foram compreendidas como objetos simbólicos que produziram sentidos esignificados para os sujeitos. No tocante à materialidade que conduz este trabalho, os programas de ensino eram publicados em forma de decretos que previam o conteúdo a ser ensinado, os instrumentos linguísticos a serem adotados, o tempo destinado à atividade e como o conteúdo deveria ser trabalhado. Já a Revista do Ensino trazia em suas páginas uma série de matérias que mostravam ao docente como conduzir as lições e relatava experiências bem sucedidas de outros profissionais. Através desse estudo, observou-se que as aulas de Língua Pátria, Leitura e Escrita aconteciam diariamente e em todas as séries, sendo um indício da importância do ensino da língua e da efetividade da política linguística que via o ensino primário como produtor de efeitos bem como de sentidos. As referidas disciplinas instituíram a língua como objeto de conhecimento escolar, produzindo sentidos que influenciaram individualmente e coletivamente. Esse fator foi evidenciado na matéria da Revista do Ensino analisada. Conclui-se que a escola trabalhou, através do ensino da língua nacional, para criar um imaginário de cidadania, de nação, de unidade, de brasilidade. A assimilação dos conteúdos inscrevia o sujeito no discurso republicano, que valoriza o cidadão detentor do saber, o alfabetizado, o civilizado e urbano. As três disciplinas foram de fato parte de uma política linguística e de importantes mecanismos na difusão de sentidos de ordem ena disseminação de valores .

Palavras-chave: grupos escolares; política linguística; disciplinarização; língua.


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